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Racismo em condomínio, assunto polêmico mas necessário! -

Pode ser que para aqueles que nunca na vida sofreram qualquer tipo de discriminação, ler uma notícia sobre racismo (sofrido até mesmo por alguém famoso) não signifique nada ou até mesmo pense que a atitude da vítima (vítima sim!) foi exagerada ou descabida.


A situação ocorrida com o comediante Eddy Júnior me fez mais uma vez pensar na quantidade de vezes, que nós negros somos discriminados em nosso cotidiano. A maioria das vezes esta conduta é singela, discreta, completamente sutil e que nos faz questionar “será que realmente foi isso que eu entendi?” ou “esse comentário teria sido feito se minha pele fosse branca?…. infelizmente outras vezes o comportamento é cristalino como água, feroz, agressivo!

Certa vez, em uma conversa rotineira em meu trabalho, ouvi um comentário acerca de um rapaz que namorava a filha de uma colega, sendo ele negro, a surpresa de todos foi que o mesmo estudava em um certo colégio prestigiado da cidade. Ao fundo, ouço o comentário “certamente é bolsista!”. Por quê? Qual é a razão que uma pessoa negra não possa ser capaz de arcar financeiramente com a mensalidade de uma educação supostamente cara? E o que mais me espantou na época foi o fato de as pessoas ignorarem que o comentário foi totalmente racista, pejorativo e desencorajador.


A naturalidade que tais comentários são feitos me espanta. Ovelha negra, feito nas coxas, serviço de preto, nasceu com um pé na cozinha, amanhã é dia de branco… vai me dizer que você nunca ouviu tais expressões? Ou pior, me diga que nunca uma delas foi dita por você? Dita por seus amigos e familiares sem qualquer defesa da sua parte? Aposto que sim, pois estas e outras expressões são infelizmente vistas como naturais, e a maioria da grande população sequer entendem o significado delas. Eu mesma, por vezes fico entediada da quantidade de publicações, reportagens e militantes com a causa, acho o assunto chato, maçante e até um pouco retrô! Eu! Pamela! Pessoa negra, mulher, que já foi rechaçada pela própria família pela simples cor da sua pele. Se comigo ainda existe esse comodismo, o que está enraizado nas pessoas brancas e que inconscientemente possuem atitudes racistas? Não é uma mera militância, é a consciência, o reconhecimento.


A percepção da nossa sociedade em relação aos negros sempre significou discriminação e a consequente exclusão. O racismo estrutural existente no mercado de trabalho onde pessoas negras mesmo que qualificadas são menos remuneradas ou ainda exercem cargos inferiores, é uma realidade e não há qualquer argumento para negar. Mulheres negras? Muito pior… Após dados obtidos pelo IGBE, chegou-se à conclusão que mulheres negras recebem 44,4% a menos que homens brancos. Não é achismo, é pesquisa, dados consolidados.
A negação é o alimento da permanência do racismo, enquanto sua permanência for negada ele continuará incorporado ao nosso cotidiano. Apenas com seu reconhecimento as posturas serão reavaliadas e assim passíveis de modificação. Como poderemos mudar algo que não vemos? Que não reconhecemos e encaramos de frente? Impossível. Devemos sim discutir, conversar, pontuar os comportamentos e conversas inadequadas. O racismo deve sim ser pauta.


Você, pessoa branca que sequer sofreu qualquer comentário acerca do volume do seu cabelo, da cor da sua boca ou do tamanho do seu nariz pense e reflita com muito amor e carinho antes de se achar no direito de emitir comentários, opiniões ou ainda crer que a história de um povo é motivo de piada ou diminuição. Não se trata de vitimização, mas sim de tratamento igualitário, não deixando de lado as lutas e dores daqueles que tanto sofrem e são muitas vezes rejeitados por possuírem a cor da pele diferente da sua.
Reflitam, não existe mais espaço para o silêncio.


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