O bom senso não serve para condomínios.
Contudo, peço ao amigo leitor que antes de começar a me prejulgar, leia por alguns instantes este artigo.
Na minha opinião, todo problema começa na omissão e na negligência de uma pessoa, que antes de comprar ou alugar um apartamento não lê a convenção e os regulamentos internos do condomínio, principalmente antes de fechar o negócio e se mudar.
Todos atribuem que as regras de um condomínio são um empecilho para a boa convivência, quando na verdade as regras são as melhores coisas na vida condominial, o problema não são as regras, o maior obstáculo é que as pessoas as desconhecem e não as cumprem.
Faço uma simples pergunta: Você moraria em um lugar onde não existe regras e tudo é permitido? Imaginem um lugar sem regras para uso das áreas comuns, piscinas, quadras esportivas, passeios com os cachorros, brincadeiras das crianças no playground, sem horários determinados para o silêncio?
As pessoas estão comprando imóveis em condomínios que são verdadeiros clubes, repletos de serviços e diversos espaços de lazer sem saber como eles funcionam e podem ser utilizados.
Dai começam as frustrações e as agressões aos síndicos, como se a culpa dos transtornos viessem da administração do edifício, sendo que as regras já foram antecipadamente criadas e aprovadas por todos, cabendo apenas ao síndico cumpri-las e fazer com que as pessoas as cumpram.
Mas e o bom senso? O fato é que o mesmo trata-se de um julgamento individual que pode ser diferente entre cada indivíduo. O que é bom para um morador pode não ser para o outro. É exatamente aí que está o perigo do bom senso em um condomínio.
Vamos tentar ilustrar o fato para alcançarmos um melhor entendimento:
Se a regra da piscina disser que poderá ser usada todos os dias das nove e meia da manhã, até as vinte e duas horas da noite, está claro que se um condômino desejar dar um mergulho, as nove da manhã em um dia de verão de sábado, ele estará infringindo as regras
Trata-se de um caso real, onde o bom senso foi utilizado pelo síndico quando pressionado pelo morador, dizendo que já estava querendo utilizar a piscina as nove, sendo que a regra era clara que somente após as nove e meia.
O condômino pressionou o síndico, dizendo que deveria ter bom senso, pois já era uma linda manhã de sol, verão, a água da piscina já estava limpa e pelo bom senso não haveria motivos para o sindico proibi-lo de usa-la e sentindo-se acuado, o sindico liberou.
Um outro morador do mesmo condomínio, vendo a situação, não pensou duas vezes e deu início a um ataque ao sindico que foi notificado por transgredir as regras estipuladas, pois somente poderia liberar a piscina depois das nove e meia.
Resultado: uma briga generalizada criada entre o bom senso e as regras do condomínio. Um morador requeria bom senso, o outro que o sindico seguisse as regras;
A solução desta solução não cabia um “bom senso”, mas uma questão legitima e expressa nas regras do condomínio que deveria ser seguida.
Nestes casos, o mais prudente e aconselhável é que o síndico convoque uma assembleia e regularize as regras para uma condição mais favorável, que possibilite a liberação da piscina mais cedo, evitando constrangimento e desavença entre moradores e síndicos.
A dica deste artigo é a seguinte: na dúvida entre o bom senso, ou seguir as regras do condomínio, siga as regras, pois um bom senso mal interpretado pode causar uma grande dor de cabeça para o síndico, causando ingerência, desconforto e perda na credibilidade na gestão do condomínio.
Mas, antes de terminar este artigo, cabe salientar que muitos moradores em condomínio deveriam sim usar o bom senso para algumas questões importantes:
Não andar de salto dentro dos apartamentos;
Não pendurar toalhas ou carpetes nas janelas ou sacadas dos apartamentos;
Não ouvir som alto dentro dos apartamentos depois das dez horas da noite;
Não colocar o carro na garagem do vizinho ou nas vagas de visitantes;
Não entrar na piscina fora dos horários estipulados.
Dessa forma o bom senso deve prevalecer em um condomínio, muito mais pelos moradores no cumprimento das regras, do que pedindo ao síndico para descumprir uma regra, alegando bom senso.
A vida em condomínio é a melhor forma encontrada pela sociedade moderna para se morar e conviver, contudo, é preciso e fundamental que as pessoas entendam que antes de passarem a viver dessa forma, criem a cultura de pensar não somente em si mesmas, mas em primeiro lugar no coletivo.
O segredo do sucesso para a vida em condomínio é se colocar cada vez mais no lugar do outro e acima de tudo ter uma atitude que é imprescindível e fundamental para quem deseja ser feliz nessas novas formas de moradia, e a palavra é: RESPEITO.
Antes que se busque o bom senso, é preciso praticar com maturidade e responsabilidade as regras que já foram aprovadas e deliberadas pela maioria através do exercício democrático.
Em um condomínio cumpra primeiramente os seus deveres, para que depois possa exigir os seus direitos, e seu primeiro dever é conhecer a convenção e o regulamento interno do seu condomínio, e se não estiverem em equilíbrio com seu estilo de vida, busque o caminho do diálogo e da participação, registrando suas sugestões e ideias para o debate com a sua comunidade condominial.
Viva Feliz em Seu Condomínio!
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